terça-feira, 9 de março de 2010

Poemas

Chuva, caindo tão mansa,
Na paisagem do momento,
Trazes mais esta lembrança
De profundo isolamento.

Chuva, caindo em silêncio
Na tarde, sem claridade...
A meu sonhar d'hoje, vence-o
Uma infinita saudade.

Chuva, caindo tão mansa,
Em branda serenidade.
Hoje minh'alma descansa.
— Que perfeita intimidade!...

Francisco Bugalho, in "Paisagem"
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Cai a chuva, ploc, ploc
corre a chuva ploc, ploc
como um cavalo a galope.

Enche a rua, plás, plás
esconde a lua, plás, plás
e leva as folhas atrás.

Risca os vidros, truz, truz
molha os gatos, truz, truz
e até apaga a luz.

Parte as flores, plim, plim
maça a gente plim, plim
parece não ter mais fim.

Luísa Ducla Soares, A Gata Tareca e Outros Poemas Levados da Breca, Teorema

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Chuva, Saudade e nada mais...

Chega a chuva, molhando a vidraça
Na manhã que passa,
Na vida sem graça...

Na goteira da saudade, uma lágrima ameaça
Na tarde que passa,
Na vida sem graça...

São gotas mornas.. que a vista toda embaça
Na noite que não passa,
Na vida tão sem graça...
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Chuva ácida, chuva molhada.
Chuva seca, chuva de gelo.
Chuva de fogo, chuva de vento.
Chuva de areia, chove chuva.

Chuva que purifica as nossas almas,
Chuva que mata, chuva que revive.
Chuva que alaga a cidade,
Chuva que acaba com a seca.

Chuva que nos liberta,
Chuva que nos prende em casa.
Chuva que, infelizmente,
Não me leva ate você.

Chuva,
Realize os desejos de todos,
Mas, por favor,
Não se esqueça de mim.
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Chuva começada
não me esquivo.
Em passos lentos,
chapinho na água sujado
dia findo.

Na sarjeta,
detritos se misturam
a minh’alma castigada
de poeira, sol,
e sal de labuta, que;
expelidos pelos poros,
são arrastados na torrente,
junto com a minha rebeldia.

No redemoinho,
aos meus pés afogados,
assisto o resto dela,
que para o ralo vai indo
junto com a lama, que
já existia em mim
antes da chuva.

De fato; já pisava
essa lama imunda,
no tapete estendido
da fama suja,
imposta,
para que assim fosse,
como se justa.

Nos meus dias,
corro do assalto,
choro do acidente,
rolo no asfalto;
quente,
da avenida que inunda
de carros e gentes...

que fogem da chuva ácida...
da lama suja...
e eu da fama
estendida no tapete
de lama...
procurando uma paz
inexistente em mim.

Amanhã,
outro temporal,
calamidade.
Mais uma vez,
eu sem prumo,
arrebatado do asfalto
para a sarjeta,
com a poeira, o sol, o sal,
a lama e a fama.
Sem rumo.
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O planeta está pequeno,
quase sem florestas,
quase sem animais,
cheio de humanos,
respirando poluentes,
bebendo venenos,
acham-se os tais,
pensando que são os únicos,
os que vão ficar...
pobres mortais.

MAURO ROCHA
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Na noite diante de um céu poluído
Gotas caíam ao solo florído
E quando elas o tocavam
O solo começava a sofrer de tamanha agonia e dor

As flores começavam a morrer
E tuas pétalas se soltavam delas completamente sem vida
A chuva começou a engrossar
A ponto das gotas começarem a parecer pedras

Animais também começaram a morrer
Tudo ao redor estava perdendo sua vida
E isso devido ao coração do mundo
Ter sido destruído pela falta de amor por parte de nós.
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Lá vem o Raimundo
Água, água, água
Para todos os sedentos.
Quem está com sede neste mundo?
A crise global ameaça o planeta.
Ambiente, destrução exponencial
uma etapa por vez.

Lá vem Raimundo
Água, água, água
Tem alguém com sede neste mundo?
Agressão, progressão não monitora
Num dia tudo bem, no outro morte anunciada
Água doce em risco.
Água doce para os ricos.

Em ritmo quente,
Em ritmos velozes...
Ecossistemas destruídos
Espécies desaparecendo
Sem tempo necessário para a Natureza criar novos.

Poluição, poluição, poluição
De 100 a 1000 vezes em extinção
As que faltam no planeta
Resultado acumulado
Pelos humanos liderado
- continua a agressão.

O verde vidente aos olhos,
Jamais aos olhos parecerá vidente
A perda - o desmatamento.

Os chapéus das madames esfumaçam
Milhares e milhares vertem ou deixam vazar
Pesticidas, fertilizantes e herbicidas

Oxigênio...oxigênio...oxigênio...
Um processo inteiro, medição,
Chuva ácida da chaminé ao porão.

Em outras vias,
Das avenidas aos entrecortados caminhos
Perdas em grande escala.

Nos vastos e profundos
As águas doces ameaçadas também estão
Com legítima autorização
A humidade da terra se esvai
A sujeira, sem filtros, se atira contra as encostas
De um rio que aos poucos se esgota.

Sem proteção, sem purificação,
As fontes de água doce
Com ciclos de seca e chuvas pesadas
É no sul que estão as terras devastadas.
Para fugir da urbanização as barreiras naturais
Se perdem com a inundação.

Salvem as abençoadas esponças protetoras!
Não podem ser removidas as florestas inundadas!
É a total destruição!
Derrubadas no ecossistema aquático
Podem ir em um segundo
Os vivos de cima e do fundo.

Uma, duas, três árvores atingidas morrem,
E morrendo vão formando uma clareira.
Afetam plantações e rapidamente são destruídas.
Com o passar do tempo,
O solo nem irrigado serve
O sal em suas camadas o inutiliza.
Se parte em pequenas partículas
E são levadas ao vento,
Deixando-o seco, sem nada,
Para o cultivo do alimento.

Contra a vida.
Os gases continuam subindo
Das ilhas de calor,
Asfalto, paredes de tijolo, concreto,
Telhas de barro e de amianto,
Falta de vegetação,
Falta de impermeabilização
Calçados de borracha no calçamento
Sacolas plásticas soltas,
Cheias e vazias
No desvio da água entopem bueirose galerias.

O planeta está numa fria.
A circulação dos ventos é interrompida,
O processo de evaporação é reduzido,
A radiação do calor é retida.
As contaminadoras, com os seus gases cheirosos
Enxore e monóxidos convertem-se em ácidos
Que espalham na terra, nas águas, nas árvores,
E nas gentes... a poluição no ar.

O aquecimento está no limite
Da chuva ácida aos ácidos
Consumidos pelos humanos - tóxicos
Que surgiram no solo, sadios.
E que voltam vadios
Entorpecidos pelos "gases" nocivos.
Acidificados perdem a vida - produto final
Sufocados na atmosfera
O planeta está asfixiado e imundo.

A água doce evapora rapidamente.
Quem vai matar a sede?
Os donos do mundo?
De que eles tem sede?...de água?
Onde está o Raimundo?

Água, água, água
Para todos os sedentos.
Quem vai matar a sede do mundo?
Água doce em risco.
Água doce para ricos
Água, água, água
Tem muita gente com sede Raimundo.

Raquel Marmenttini, "Tem alguém com sede neste mundo?"